Não é incomum que escolas, faculdades ou outras instituições ou projetos de ensino coloquem uma viagem como parte de alguma atividade de ensino. Afinal, é um ponto pacífico entre educadores e profissionais de outras áreas de que a viagem, muito mais que um deslocamento espacial, é antes de mais nada uma oportunidade de ampliação dos horizontes culturais dos viajantes.
É com essa premissa, no caso de que se aprende enquanto viaja, que se organiza o chamado turismo pedagógico. Muitas empresas de turismo possuem seu próprio sistema para turismo pedagógico que proporciona um diálogo mais ágil com as instituições educacionais.
Neste artigo, vamos falar um pouco mais sobre o turismo pedagógico, explicando mais a respeito das possibilidades desse promissor ramo do turismo.
Qual a finalidade do turismo pedagógico?
De maneira geral, as escolas e educadores usam o turismo pedagógico para incluir vivências das viagens no processo de ensino e aprendizagem. Trata-se de uma maneira de consolidar os conhecimentos adquiridos na sala de aula, mas também de complementá-los com atividades práticas ou de observação.
E o turismo pedagógico pode acontecer de variadas maneiras. Afinal, o aprendizado escolar, ou mesmo no ensino superior, inclui inúmeros temas, disciplinas e demandas diversas, o que abre também as possibilidades do turismo pedagógico.
Um exemplo bastante recorrente é o de escolas de línguas estrangeiras que promovem, além dos programas de intercâmbio, viagens de alunos para terem contato com nativos das línguas que estudam. Outro exemplo clássico é o de viagens de estudantes para cidades de grande valor histórico, conferindo oportunidade a estudantes de verem monumentos ou locais onde ocorreram grandes eventos in loco.
Outro destino cada vez mais frequente do turismo pedagógico vem sendo os parques ecológicos e unidades de conservação. Como o meio ambiente se tornou uma temática obrigatória no ensino, tanto particular como público, enquanto tema transversal, esses lugares são muito procurados como parte de uma educação ambiental.
Enfim, as possibilidades são enormes e são bastante exploradas.
Definição do termo
Antes de prosseguirmos, temos de fazer uma ressalva a respeito da definição desse conceito. Até os dias atuais, é um tanto comum haver certa confusão.
O turismo pedagógico, conforme definido na área do turismo, não pode ser confundido com o estudo do meio, conforme definição da pedagogia. O estudo do meio, geralmente, dura um dia e tem como finalidade integrar teoria e prática na aprendizagem, no qual estudantes são levados a atividades fora do ambiente escolar. O “meio”, no caso, é o ambiente fora da escola.
O turismo pedagógico, nesse sentido, inclui necessariamente uma viagem, que pode levar mais de um dia, diferenciando-se nesse aspecto do estudo do meio, que pode ocorrer na mesma cidade em que os estudantes residem e estudam.
O turismo pedagógico tem como princípio norteador integrar na mesma atividade, na viagem, aprendizados, conhecimentos de novas culturas, lazer e convivência entre estudantes.
Operacionalizando o turismo pedagógico
O turismo pedagógico, como explicamos até aqui, necessariamente coloca a viagem como parte de uma metodologia de ensino e aprendizagem. Mas é importante frisar que ele é uma parte, e não a totalidade do mencionado processo.
A sala de aula, no caso, deve ser tanto o ponto de partida quanto o ponto final do turismo pedagógico. É ponto de partida porque o turismo pedagógico requer planejamento, assim como qualquer atividade escolar. Nesse caso, os educadores deverão definir os objetivos da viagem, além do roteiro, o que se espera com a viagem, pontos que serão trabalhados na medida em que o roteiro transcorre, dentre outros pontos.
Em suma, é preciso definir o que se pretende ensinar com o turismo pedagógico. E depois do retorno, é preciso ter em mente atividades que levem os estudantes a refletir e apresentar o que aprenderam com a viagem.
Essa definição acontece em conformidade com o que vem sendo aprendido na sala de aula. Por exemplo, uma viagem pedagógica a Petrópolis, no Rio de Janeiro, pode ser um ótimo mecanismo de aprendizado sobre temáticas referentes ao Brasil Império. Assim, é interessante que a data da viagem seja próxima ao momento em que esse conteúdo esteja sendo trabalhado em sala.
A própria viagem precisa ser bem conduzida, tanto pelos educadores quanto por operadores que usam um sistema para turismo pedagógico. Além de percorrer o roteiro, é fundamental se organizar para fazer registros — como fotos e vídeos — e participar de atividades oferecidas no destino visitado.
Agências de turismo e turismo pedagógico
Atualmente, existem agências especializadas em turismo pedagógico. De maneira geral, elas contam com equipes multidisciplinares, que incluem profissionais de turismo, que cuidam de aspectos como excursões, passeios e guias turísticos, como especialistas em educação, como professores, pedagogos e psicólogos.
Essas agências operam com um sistema para turismo pedagógico, mas é comum também que utilizem um sistema para excursões ou sistema para passeios, por exemplo.
Uma característica muito comum às agências especializadas em turismo pedagógico é a de trabalharem exclusivamente com planos e pacotes que atendam a grupos ligados a escolas. Ou seja, não trabalham com pacotes individuais ou planos avulsos.
Assim, essas agências conseguem disponibilizar soluções personalizadas para escolas e outras instituições de ensino, personalizando e enriquecendo as experiências de docentes e estudantes que procuram o turismo pedagógico.
Agências de turismo não focadas no turismo pedagógico também podem dispor de produtos que lhes permita atuar nessa área. Por exemplo, ao incluir no seu sistema para agências de turismo possibilidades de organizar viagens com planos personalizados para escolas, atendendo melhor grupos de estudantes e incluindo produtos como visitas guiadas a parques e museus.
São muitas possibilidades. O turismo pedagógico é uma das áreas mais interessantes do turismo e tem crescido nos últimos anos.
Possibilidades no setor do turismo pedagógico
Infelizmente, não há muitos dados atualizados a respeito do turismo pedagógico no Brasil. Porém, um estudo publicado no site do Ministério do Turismo em 2014 mostrou um aumento de 125% do número de agências de intercâmbio no Brasil em relação a 2009. Isso mostra uma tendência de inclusão de viagens como parte da formação educacional dos brasileiros que remonta a década passada.
E nesse sentido, o próprio governo federal, atualmente, estuda aplicar incentivos ao turismo pedagógico, o que pode também ajudar a aquecer ainda mais o setor.
No ano passado, a Embratur e a FAUBAI (Associação Brasileira de Educação Internacional) iniciaram conversas visando parcerias que possam aumentar o número de estudantes estrangeiros no Brasil, e também fomentar projetos que auxiliem no crescimento do turismo pedagógico no país.
Já no final de 2023, foi aprovado pela Comissão de Turismo da Câmara dos Deputados a criação do PRONTE (Programa Nacional de Turismo Educativo). A proposta, originada do Projeto de Lei 676/23, tem três objetivos principais:
Promover, para estudantes de escolas públicas, a democratização do acesso aos atrativos culturais e naturais do Brasil
Valorizar patrimônios cultural e natural do Brasil, além de sua preservação para as próximas gerações
Estímulo à consciência crítica de estudantes em relação a problemas ambientais, culturais e sociais do Brasil
Na prática, o PRONTE deverá, caso aprovado, criar incentivos para que estudantes de escolas públicas possam visitar atrativos turísticos, naturais e culturais do Brasil, em ações coordenadas pelo Ministério do Turismo em parceria com estados, municípios e Distrito Federal.
O projeto, antes de ser votado, ainda precisa passar pelas comissões de Educação e de Constituição, Justiça e Cidadania. Depois disso, ele pode ser votado em plenário e, se aprovado, pode ser sancionado ou vetado (total ou parcialmente) pela Presidência da República.
Potencial do turismo pedagógico no Brasil
Incentivos como os das propostas governamentais para o turismo pedagógico no Brasil poderão, assim, explorar um setor que tem um enorme potencial no Brasil. Dados do Ministério da Educação mostram que, até o ano de 2021, o Brasil possuía 179.573 escolas públicas e privadas de educação básica. Juntas, elas reúnem aproximadamente 47,3 milhões de estudantes.
Os números também são bastante expressivos quando olhamos para a educação superior. No mesmo ano de 2021, eram 2.457 instituições de ensino superior, sendo 87,6% delas privadas e 12,4%, públicas, atendendo a um número superior a 8,6 milhões de estudantes.
Isso sem contar algumas outras instituições como projetos educacionais, escolas privadas de línguas e outros. Ou seja, trata-se de um mercado imenso, pronto para ser explorado por empresas e operadores de turismo no Brasil.
Assim, cabe a operadores de turismo em todo o Brasil olharem para o turismo pedagógico com toda atenção, considerando possibilidades e desafios do setor.
Turismo pedagógico no Brasil
O turismo pedagógico inclui viagens com intenção educativa, com as quais a viagem e suas vivências e experiências servem para consolidar um aprendizado que começa na sala de aula. Dessa forma, o processo de ensino e aprendizagem se torna mais rico, abrindo possibilidades de crescimento cultural e intelectual dos estudantes.
Por isso, é muito importante, assim, que agências de turismo, especializadas ou não no turismo pedagógico, olhem com maior atenção para o setor. Cada vez mais as escolas recorrem às viagens como forma de ensinar, e o turismo pedagógico poderá contar com incentivos governamentais em breve.
Commenti